quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Hianto de Almeida revisitado

Sílvio Caldas
jsc-2@uol.com.br

Considero-me cada vez mais um privilegiado pelo fato de ser cidadão norte-riograndense e por residir em Natal há mais de vinte anos. E prova maior desse privilégio foi ter merecido a honra de ser convidado por Leide Câmara para participar na qualidade de ouvinte/convidado ao ensaio que os irmãos de Hianto – Gilson (piano) e Newton Ramalho (cantor e músico), acompanhados pelo violonista Silvio Pedrosa (filho do grande Veríssimo de Melo, parceiro de Hianto) promoveram quinta-feira passada, na apartamento de Gilson.

O clima musical começa a ser respirado logo na entrada do edifício, cujo nome é Tom Jobim, aliás, um dos parceiros do saudoso Hianto.

Antes mesmo do início do ensaio fomos apresentados em primeira mão ao primoroso livro que Leide lançará sobre a obra do artista (publicação do SESC/RN) no próximo dia 2 de setembro. O Rio Grande do Norte precisa saber: Hianto, embora tenha morrido na flor dos seus quarenta anos de idade, aos trinta e dois já havia produzido mais de duzentas composições, tendo sido cantado pelas principais estrelas da sua época, como Maysa, Cauby Peixoto, Lúcio Alves, Dalva de Oliveira, Pery Ribeiro, Leny Andrade, Elza Soares, Miltinho, Orlando Silva, Elizete Cardoso, Ciro Monteiro, Tito Madi, Carlos José, João Gilberto, César Camargo Mariano, Renato Tito, Os Cariocas, Trio Irakitan, Trio Marayal, dentre outros.

Ouvimos na ocasião várias músicas da década de 50/60, as quais denunciam sem medo de errar a nítida influência da obra de Hianto em relação ao próximo nascimento da chamada Bossa Nova. Também, pudera. Na época o arranjador de inúmeras músicas dele era nada menos que o próprio Tom Jobim, que ainda não era conhecido nacionalmene.

Quanto aos parceiros que colaboraram na obra musical de Hianto lá estão Fernando Lobo, Chico Anísio, o nosso K-Ximbinho (quem não se lembra do chorinho: Eu quero é sossego?) , Veríssimo de Melo, Haroldo de Almeida, Carlos Gonzaga, Macedo Netto (marido de Dolores Duran), Raul Sampaio, Julie Joy, Nazareno de Brito e outros que não me ocorrem no momento.

Nosso Estado, graças a Leide Câmara, está de parabéns, ao resgatar a memória de um dos ícones da moderna música brasileira, um de seus fundadores e para honra nossa, filho da terra.

Além de ouvirmos inúmeras composições de Hianto, por volta das vinte e duas horas foram ensaiadas cinco músicas visando o pré-lançamento do livro " A bossa nova de Hianto de Almeida" de Leide. Por volta das duas horas da sexta-feira retornamos aos nossos lares. Eu, honrado pelo convite e feliz em aprofundar ainda mais meu conhecimento sobre a vida e a obra daquele verdadeiro monstro sagrado da música popular brasileira.

Obrigado Leide.

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