terça-feira, 31 de agosto de 2010

Plano de voo

Leonardo Sodré
Jornalista
noticiamundo@gmail.com

Um grupo de casais amigos, a maioria aposentados, que adoram viajar - alguns utilizando moto-home, planejam há cerca de 30 dias uma viagem etílica para o Rio de Janeiro, dessa vez de avião. Sob o pretexto do “planejamento” da viagem, já realizaram dezenas de reuniões, que inclui algumas garrafas de uísque, música e muito papo, principalmente em certo principado na praia de Santa Rita.

Numa das reuniões participou uma senhora muita ativa, de 82 anos, mãe de um dos membros da confraria, que resolveu também participar da viagem programada para a próxima semana, advertindo apenas que faria parte do grupo até o aeroporto, porque de lá seguiria imediatamente para Petrópolis, para visitar parentes. Ela não contava com a irreverência de um dos membros do grupo, que entusiasmado pela quinta dose de Old Parr, declarou querer ir também para Petrópolis. E Felipão, como é conhecido disse:

- Eu lá quero ir para o Rio de Janeiro para visitar a Feira de São Cristovão! Eu vou é com a senhora. Não tem nem perigo de eu deixar de ir para Petrópolis.

A senhora, muito educada, disse que seria um prazer recebê-lo naquela cidade serrana, etc.

Aí ele se animou e passou a fazer os planos de viagem, ou seriam de vôos, considerando que a sexta dose já o fazia voar por cima das serras fluminenses?

De qualquer forma, como ex-bancário, organizado, quis logo providenciar uma agenda, enquanto colocava a sétima dose e procurava uma caneta para anotar os telefones de sua nova companheira de viagem.

Depois de anotar todos os telefones da senhora, que já começava a perceber que todo mundo estava se divertindo com o comportamento do viajante que iria se desgarrar do grupo, ele tilintou o gelo da oitava dose e olhando fixo para o papel, caneta em punho, perguntou:

- A senhora me dá o seu Orkut?

Ela olhou indignada para ele, que tomava um gole e respondeu séria e magoada:

- O senhor me respeite! Eu não fiz isso quando era nova, vou fazer agora que estou velha. Ora, mas você calcule...

Ele não percebeu o “carão” e enquanto colocava o gelo da nona dose, insistiu:

- E o e-mail?

- Piorou, seu tarado!

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