terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre bandidos e luzes vermelhas

Muriu de Paula Mesquita
Jornalista DRT RN 1315
muriu.mesquita@gmail.com

Quem andar pelas principais ruas de Natal pode observar que as viaturas policiais adotaram recentemente o procedimento de manter as luzes das sirenes acesas com significativa freqüência. A estratégia, utilizada em países de primeiro mundo para inibir a criminalidade, desperta o questionamento: será que manter viaturas paradas em avenidas principais, longe do raio de ação dos bandidos, é uma prática eficiente?

Na Avenida Salgado filho, uma viatura da polícia militar fica quase sempre estacionada na calçada do cruzamento com a Avenida Amintas Barros, com a luz da sirene acesa. Em outro trecho, à margem da BR 101, no centro comercial ao lado do Natal Shopping, policiais também mantêm constantemente o carro de serviço parado, com a luz intermitente acionada.

A estratégia de manter as luzes das viaturas ligadas até mesmo à luz do dia, com o perdão do semi trocadilho, provoca uma aparente sensação de segurança pelas ruas de Natal. Em tese, a presença da polícia em locais centrais como os citados anteriormente inibe a ação dos criminosos. Mas, na realidade, o efetivo e os equipamentos policiais, como viaturas e armamentos, sempre são limitados para garantir vigilância e ação constante em todos os locais perigosos do Estado.

Pelo princípio da eficiência, a polícia tem que priorizar o trabalho nos lugares de risco, onde estatisticamente ocorrem mais crimes. E não apenas manter os carros de trabalho em exposição, aos olhos do cidadão de bem que clama por Segurança Pública.

Dia desses, por volta das sete da noite, passei por uma rua escura, no bairro de candelária, que ficou conhecida entre os moradores como Rua do Medo, paralela à Rua da Sede da Polícia Federal e aos prédios de órgãos jurídicos. Aquele local tornou-se famoso nos programas locais de TV e editorias de Polícia pela ação constante de ladrões, que invadem residências, assim como a presença de usuários de drogas em um terreno baldio, aliada a falta de iluminação pública adequada. Enquanto isso, nas principais avenidas da cidade, as viaturas ficam paradas com as luzes das sirenes acesas. E a população da outrora pacata cidade de Natal assiste a multiplicação de centenas de histórias reais de terror, como as ocorridas na tal Rua do Medo, em plena Zona Sul de Natal, mas principalmente nos bairros mais violentos das Zonas Oeste e Norte, onde o policiamento preventivo é uma utopia, para não dizer inexistente. Por trás das cercas elétricas e muros altos dos condomínios, ecoa uma sensação generalizada de insegurança. E o clima de salve-se quem puder paira no ar. Será que alguém ainda acredita nas flores (ou seriam luzes das sirenes) vencendo o canhão dos bandidos?

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