sábado, 9 de agosto de 2014

Control “ser”; control “ver”

Leonardo Sodré
Jornalista e escritor

Pródiga em receber lançamentos de livros quase que diariamente, Natal vem sendo contemplada com obras excelentes de autores locais. Algumas memorialistas, que resgatam em vários aspectos fatos vividos, muitos desconhecidos de leitores curiosos, quem nem, ou, biografias de figuras ilustres, algumas conhecidas e outras, nem tanto, e muitos livros de poemas. Muitos!

Como tem poeta em cada esquina desta quase metrópole!

Entrementes, também recebe obras que também têm seu valor pelo trabalho de pesquisa, mas que são meros e exaustivos atos de copiar e colar da Internet, nos computadores pessoais. As conhecidas dedadas no “Ctrl V” e “Ctrl C”, depois impostas nas laudas do “Word”, e que aqui apelidei no título do “ser”, o colante, e o “ver”, do ansioso leitor, que depois de tantos goles do proverbial uísque do lançamento da obra não correrá o risco de esquecer-se de decodificá-la e até decorar algumas passagens, para, no momento social oportuno, mostrar todo o seu conhecimento da imperdível leitura. Que seja.

Até aí, tudo bem, considerando o trabalho de prospecção do intelectual, mesmo com a falta da criatividade e da originalidade. O que não está bem nesse tipo de livro é a falta da citação da fonte e a assinatura da obra apenas como “autor”, quando na verdade deveria ser de “organizador” como faz bem a ética literária de todo livro que não lhe pertence verdadeiramente – cito, como exemplo, a antologia -, citando, incólume, as fontes do exaustivo e operativo “copiar” e “colar”.

“Autores” que primam por essa prática e alguns nem fazem uma revisão cuidadosa dos textos, poderiam passar para a História de Natal como pesquisadores ou, até mesmo, memorialistas se citassem suas fontes. Mas, enquanto a vaidade se sobrepõe a humildade – como arde a fogueira das vaidades! – passam ao largo de sorrisos críticos. Sorrisos de leitores que teimam em não vê-los em suas próprias “obras”, e julgam que elas estão teimando em inclinar-se mais para o “ver” de aparecer socialmente do que para o “ser” verdadeiro de quem quer contribuir com a cultura da terra de Poti.

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