(jsc-2@uol.com.br)
Os fotógrafos e artistas plásticos em geral buscam restaurar as pessoas em seus melhores ângulos, seus melhores momentos psicológicos, para que justamente apareçam bem para a posteridade.
Por isso mesmo, não gosto dos retratos em geral. No fundo eles buscam a pose que melhor beneficie o retratado. Prefiro os instantâneos, retratos que são tirados ao talante, em momentos nem sempre os mais favoráveis, uma vez que eles espelham bem melhor a verdadeira alma do retratado.
Aprecio Alberlita por isso. Ela está sempre bem, tanto na foto, como na pintura, como na poesia. Ela é autêntica. Não faz pose. É de nascença. Porte, garra, personalidade, bom humor e liderança. Tudo lhe é inato.
Nosso conhecimento beira há meio século, o que não é pouco para uma existência humana. Jamais a vi abatida. Cabeça erguida, sorriso nos lábios, ainda quando se acha envolta em alguma tristeza ou lamentando alguma perda. De otimismo inabalável, ela consegue sempre ver o lado bom das coisas.
Se a casa de Alberlita estiver pegando fogo, não pensem que ela vai se acocorar para chorar. Lutadora como ela é, vai por certo ,apagar as chamadas e ao final do incêndio por certo comentará: ainda bem, afinal, já estava na hora de trocar os móveis dessa casa e renovar-lhe a pintura. Tal é o espírito dessa eterna jovem mulher.
Conheci a “negona”, como carinhosamente a chamamos, durante seu único casamento, com meu finado amigo desembargador Duarte Neto, em Recife. Companheirismo sofrido, cheio de altos e baixos, mas que Alberlita soube bem aproveitar para aprimorar seus conhecimentos jurídicos. Filha de pais pobres, a única coisa que deles herdou foi o melhor de tudo – a educação.
Tendo iniciado sua carreira profissional como advogada, em seguida fez concurso para o Ministério do Trabalho, chegando a assumir posteriormente a titularidade da Delegacia Regional daquele Ministério, Caruaru - Pernambuco e após a aposentadoria por tempo de serviço passou a liderar o Sindicato da classe. O dinamismo nato não permite que esta mulher pare. Incansável, desbravadora, à frente do seu tempo, admirada, esta é Alberlita pincelada em preto e branco. As cores que iluminam sua vida ficam por conta do olhar daqueles que com ela têm a oportunidade de conviver.
Certa feita, precisamente em 2 de julho de 1982, do alto do Bonsucesso, em Olinda, onde minha amiga morou, ao esperar por ela para nos reunirmos a outros amigos, assim escrevi:
A CASA DE ALBERLITA
Lá fora, o coqueiral frondoso,
Que orgulhoso,
Mexe e remexe suas palmas
Anunciando, enfim, o arrebol.
Dali também se espraia o casario,
Mesclando o presente com o passado,
Lado a lado,
Como se o tempo, acaso, ali parasse...
Além, muito além, o mar azul,
Envolvendo em moldura modernista,
A praia, os montes, as ladeiras,
As torres das igrejas centenárias,
Lembranças de batalhas legendárias
De um conquistador enamorado.
Daqui, não só eu vejo, em sinto Olinda,
Além do que, a par tão bela vista,
Subindo a ladeira do mirante,
Desponta saltitante a ALBERLITA!
.....
Oh tempos imemoriais!
Que orgulhoso,
Mexe e remexe suas palmas
Anunciando, enfim, o arrebol.
Dali também se espraia o casario,
Mesclando o presente com o passado,
Lado a lado,
Como se o tempo, acaso, ali parasse...
Além, muito além, o mar azul,
Envolvendo em moldura modernista,
A praia, os montes, as ladeiras,
As torres das igrejas centenárias,
Lembranças de batalhas legendárias
De um conquistador enamorado.
Daqui, não só eu vejo, em sinto Olinda,
Além do que, a par tão bela vista,
Subindo a ladeira do mirante,
Desponta saltitante a ALBERLITA!
.....
Oh tempos imemoriais!
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